sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A convivência entre cães e gatos

Lendo um post no Ao Pé do Fogão, blog da amigateira Cris Bortoli, resolvi falar sobre minha experiência com a convivência entre cães e gatos.

O maior exemplo de união entre as duas espécies que vivenciei foi entre Rocheteau e Polan (cãezinhos de pequeno porte) e Portuga (Tuguinha) e Sarará (Sará) (um frajolinha e um pretinho, filhos de uma gata siamesa que teve um tórrido caso extraconjugal com um legítimo SRD, o que quase valeu o olho da rua para os filhotes e os trouxe para nós... Bom, isto é assunto para outro post.)

Os quatro passaram a maior parte de suas vidas juntos e, inclusive, costumavam dividir a mesma caminha. Fizeram parte de nossa vida no início do casamento e Tati cresceu com eles. Tuguinha e Sará eram seus companheiros de folguedos domésticos; neste momento me vem à memória ela, com cerca de um ano, colocando um dos dois em uma das cadeirinhas de seu balanço duplo e se instalando na outra. Eu nunca vi gatos mais queridos e pacientes; nunca se negavam a participar das brincadeiras, nunca deram o menor arranhão na pentelhinha, epa, no anjinho (foi mal Tatinha...)

Este é um caso de cães e gatos que começaram a conviver ainda muito novinhos. Saudades dos quatro anjos...

Quanto à turminha atual Flocky, com quase três anos, reinava absoluto em nosso apartamento quando Snow chegou diretamente da lixeira ou, melhor dizendo, não diretamente, mas com uma brevíssima escala. Snow era adolescente e logo procurou "se chegar" ao novo irmão que latia muito de longe mas,"corajosamente", fugia à aproximação da intrusa. Em pouco tempo até os latidos cessaram e, apesar de não viverem grudados e enroscados, convivem pacificamente até hoje.

Tiffany (Faninha para os íntimos) é nossa pastora alemã, que veio para a família com 50 dias, cerca de dois meses após a Snow, quando estávamos para nos mudar para nossa casa atual. Era ainda um bebezão e a convivência das duas sempre foi ótima.

Os demais gatos começaram a chegar quando Tiffany já era adulta e grande, ao contrário do Flocky, e nossos receios e cuidados começaram.

Os primeiros a chegar foram Tchutchuca e filhotes, em março de 2006, e ganharam um apartamento completo que fica em um L do nosso pátio (terreno originalmente pertencente à casa vizinha e que foi adquirido pela pessoa que construiu nossa casa). Mandamos telar a área que ficava entre o muro dos fundos do vizinho e o apartamento e a família ganhou um pátio privativo. 

Apesar de conviver amigavelmente com Snow desde bebê, Tiffany demonstrava seu instinto contra gatos estranhos, latindo muito e tentando alcançar os que via em muros, ou em seus passeios.

Durante um bom tempo fiquei com receio e não a deixava no pátio sem supervisão, com medo de que conseguisse  atingir os gatinhos através da tela, ou até arrebentá-la. Ela demonstrava ver neles o seu inimigo natural e ficar com seu instinto de caça aguçado. Por mais que tentássemos conversar com ela, dizer que os gatinhos eram amiguinhos, não estava surtindo efeito.

Quem resolveu a situação? Os próprios gatinhos.

Jack foi um dos primeiros: quando Tiffany estava próxima começava a se roçar na tela de um lado para outro e a olhava, miando suavamente; Tiffany se deitava no chão, olhando para ele e, literalmente, ficava choramingando, pois não tinha coragem de atacá-lo.

Esta foi a primeira vez que percebi que, quando o gato se mostra vulnerável e confiante, o cão (pelo menos a nossa Faninha) não tem coragem de atacá-lo.

Nosso Chuvisquinho não costuma dividir o mesmo espaço que Faninha mas, na primeira vez que isso ocorreu, em vez de fugir dela, foi direto ao seu encontro, ronronando e se roçando e ela lhe deu algumas lambidas!

Palito, que costuma dividir o mesmo espaço (ou peças) com Faninha à noite, desde o primeiro encontro desarmou-a da mesma forma.

Mimosa, Mia e Mischa detestam os cães e Vit tem medo deles e foge quando estão por perto.
A bem da verdade Mia e Mimosa se odeiam e as duas também não gostam muito dos outros gatos; são muito ciumentas.

Ainda tenho algumas dúvidas:

- Chuvisquinho e Palito terão convivido com cães em sua primeiríssima infância e por isso não os temem?

- Jack e seus irmãos vieram para nossa casa com pouco mais de um mês; minha cunhada tinha uma cadela, mas até virem para nossa casa os filhotes ficavam dentro de uma caixa, não chegaram a conviver diretamente com ela.

- Como souberam a atitude correta a tomar?  Instinto? Inteligência?

O que sei é que, quanto mais convivemos com gatos, quanto mais os conhecemos, mais os admiramos e percebemos que ainda temos muito a aprender sobre eles e com eles.
Tiffany

Flocky

Fofinha, Jack e Tchutchuca

Thutchuca, Leozinho e Fofinha

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Teu olhar... Falando de tudo um pouco

O que te dizem os olhos dos gatos?

- Quando se estreitam ao te olhar, com ar conquistador, estão jogando beijinhos e declarando amor; aí me derreto!

- Quando se arregalam, pedindo ajuda, espelhando abandono, medo de seus predadores (incluindo os humanos); machucam o coração.



Comecei falando sobre o olhar dos gatos, mas lembrei de um cãozinho: Chiquito.

Eu e Tati estávamos voltando do escritório ao entardecer de algumas semanas atrás e o vimos, remexendo uma lixeira.  É um cão de porte pequeno; parece daqueles barbudinhos, peludos. Parece, porque o pelo é pouco... Ele não aparenta sinais de sarna e não está excessivamente magro, mas obviamente está enfraquecido, como o pelo demonstra.

Demos um pouco de ração de gato que estava em minha bolsa e ele comeu. Chiquito tem um olhar profundo, que deve esconder uma grande desilusão com o ser humano. Apesar da promessa que fiz de não voltar a ter mais de dois cães ao mesmo tempo, devido a um trauma antigo, cheguei a chamá-lo para vir conosco. Pensei em deixá-lo na garagem, tentar cuidá-lo; mas Chiquito já não confia nos humanos.

Comecei a fazer o mesmo trajeto para vê-lo e consegui mais algumas vezes dar-lhe ração. Ele só come um pouco e se afasta. Há dias não o vejo; torço para que tenha sido acolhido por alguém de um dos grupos de protetores que existem na cidade e fazem um belo trabalho com muitos animais de rua.

Ainda falando sobre animais de rua: vocês já repararam que muitos cães de rua, mesmo magros e desnutridos, não comem ração? Não foi só Chiquito que mostrou pouco interesse, já tentamos por várias vezes dar ração a cães de rua, aparentemente famintos: alguns apenas cheiram e sequer a comem; outros dão uma provadinha e viram as costas.

Em nossa cidade é comum ver-se potes com ração na frente de algumas casas, destinados aos animais de rua e, no entanto, são desprezados por muitos deles.

E os animais que não querem sair das ruas?
Em frente à minha casa mora uma moça, ligada à proteção animal, que acolheu uma cadela de rua que teve filhotes. Os filhotes já foram doados e a mãe está tomando remédio para secar o leite para, após, serem analisadas pelo vet as suas maminhas, pois parece que desenvolveu tumor.  
O maior problema está sendo manter a cadelinha em seu pátio; durante o dia ela até não fica muito nervosa, mas, à noite, late desesperadamente e ela já teme que os vizinhos tomem alguma atitude.
Ela acredita que a cadelinha queira voltar às ruas, que não aceita haver sido privada de sua liberdade.