Mia
Mia é a "gata do vizinho", responsável por 11 gatinhos que, neste momento, estão se divertindo no meu pátio: a primogênita Blue; os caçulas Negresco, Zulu, Lindinha, Docinho e Ursinha; os netos (filhos de Blue) Rafa Brown, Kaia, Black, Mickey e Mini.
Em meados de dezembro de 2008, Mia começou a ficar ranzinza com seus filhos e netos: fuzz e tapas para todo lado. Além disso, começou a circular nas proximidades um gatão. De novo não!!!!!!!
Como já havíamos obtido a autorização do vizinho (e eu juro que, se não tivesse conseguido, dessa vez ia sem autorização mesmo) liguei para a veterinária para marcar urgente a sua castração, que ficou para o dia 23 de dezembro.
A cirurgia estava marcada para as 9 horas da manhã e eu precisava prender Mia de véspera, para fazer o jejum. Este era o meu maior receio: Mia, apesar de todo o carinho que demonstrava conosco, nunca havia sequer entrado em nossa casa, será que se sujeitaria a ficar presa nela?
Preparamos o banheiro de nossos filhos com uma caminha e um banheirinho e ficamos na espera.
Mia, que nunca perdia uma refeição, não apareceu no dia 21 à noite, nem no dia 22 pela manhã e na hora do almoço. Já estava nervosa, caso ela não aparecesse até a noite, teria que desmarcar a castração!
Felizmente dia 22 à tardinha, quando voltei do escritório, fui até o pátio e Mia veio ao meu encontro na Favelinha. Peguei Mia, coloquei-a na caixa de transporte que já estava à espera e levei-a para o banheiro.
Foi muito mais tranquilo do que esperava; eu já estava na expectativa de uma noite de miados e desespero, mas a garota comportou-se muito bem. Claro que, antes de retirar-lhe a comida, alimentei-a bem, inclusive com direito a sachê Whiskas.
Nos primeiros dias após a cirurgia Mia ficava quase todo o tempo em sua caminha, mas sempre que entrávamos no banheiro vinha se roçar em nós, ronronando. Este é um fato que sempre me surpreendeu nos gatos: saberem que a dor e o desconforto que lhes causamos com a cirurgia foi para o seu bem e demonstrarem isto através de seu carinho!
Mia só ficava nervosa na hora de tomar a injeção de antibiótico; a moça que aplicava a injeção chegou a dizer que ela parecia uma jaguatirica, não uma gata. Em uma das vezes, apesar de meu marido segurar-lhe o cangote e eu as pernas, conseguiu dar um pinote que chegou a entortar a agulha.
Com o passar dos dias, sentindo-se já melhor, Mia começou a miar e a ficar nervosa por ficar presa no banheiro. Resolvemos apresentá-la à Mimosa e ao Palito: houve muitos fuzz e rosnados, mas nenhuma briga e, assim, pudemos deixar Mia solta na parte da casa em que ficam os outros dois.
Quinze dias após a castração levamos Mia para tirar os pontos; a cicatrização estava perfeita.
No dia seguinte, levamos Mia para o pátio, ao encontro de seus filhos e netos; Mia distribuiu fuzz e patadas para todos os lados e saiu pelos telhados. Mia nos abandonou? Não, pouco tempo depois estava miando na sacada da frente da casa, pedindo para entrar.
No dia seguinte, pela manhã, Mia estava nervosa e meu marido abriu a porta da sacada, permitindo que ela saísse. Algum tempo depois, já estava lá de volta, pedindo para entrar.
Depois disso Mia não saiu mais; adora uma cama, um sofá, enfim, gostou da mordomia.
Palito, "o conquistador" logo tentou conquistar Mia, mas ela se fez de difícil. Casualmente eu assisti a sua capitulação. Estava lendo, deitada, e Mia estava deitada comigo próxima aos meus pés. Palito deitou-se um pouco afastado mas, aos pouquinhos, ia se arrastando para perto dela. Quando encostou-se e ela não reagiu, Palito soltou um suspiro. Eu nunca tinha visto um gato dar um suspiro de alívio!!!
A partir daí Mia e Palito começaram a brincar e deitar-se juntos. Preciso dizer que Mimosa era a própria imagem do ciúme? Aliás, desde que Mia chegou, Mimosa mudou, mostrando todo seu desagrado com aquela estranha no seu território.
Mimosa brigava com Palito e demonstrava uma certa frieza conosco; ela, que sempre que eu me deitava, pulava na minha barriga e ali ficava até receber a cota de carinhos que julgava suficiente, parou de fazê-lo.
Nada como o tempo; Mimosa já voltou ao normal conosco, apesar de ainda não haver perdoado seu namorado traidor e, muito menos, sua rival. Quando ouço rosnados e fuzz, normalmente Mimosa e Mia estão se enfrentando (felizmente nunca partiram para as vias de fato!) Às vezes, ainda sobra para o Palito, mas já melhorou. Seguidamente agora dormem os três ao mesmo tempo na minha cama, apesar de Mimosa ficar afastada de Mia.
E o vizinho? Só posso dizer que, até hoje, nunca se preocupou sequer em saber notícias de Mia!